1 de julho de 2011

Soropositivos enfrentam desafios no ambiente de trabalho

A sociedade precisa assimilar a Recomendação 200 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para poder contribuir significativamente com o fim desinformação, dos mitos e preconceitos que envolvem a Aids no ambiente de trabalho. Essa é a opinião de Moysés Toniolo, que é soropositivo há mais de dez anos e integra a Rede Nacional de Pessoas que Vivem com HIV.

“Somente com a participação de todos nos espaços de discussão de políticas que afetam as vidas das PVHA (pessoas vivendo com HIV e AIDS) será possível propor uma legislação mais abrangente sobre o tema em nosso país”, disse Toniolo na abertura do seminário organizado pela Escola da Associação dos Magistrados do Trabalho do Paraná (Ematra), Anamatra e Escola Judicial do TRT da 9ª Região, que começou na quinta-feira (30/6), em Curitiba, com o objetivo de discutir a discriminação do trabalhador portador do vírus HIV.

Para Toniolo, a visão geral da sociedade, com reflexos diretos sobre o ambiente de trabalho, é o medo de que a doença crie um quadro de adoecimento, incapacidade das funções laborativas e a morte do trabalhador. “Esse estigma da doença impossibilita ao soropositivo continuar vivendo com dignidade. A pessoa infectada não precisa apenas de remédio, precisa do trabalho para garantir o mínimo de subsistência”, ressaltou.

O palestrante apresentou dados recentes do Ministério da Saúde que revelam 38 milhões de pessoas vivendo com o HIV em todo o mundo, a maioria dela entre 15 e 49 anos. “Isso significa que os trabalhadores que se encontram com sua máxima capacidade laboral representam o grupo geracional de maior risco e o mais afetado pelo impacto do HIVAids”, afirmou.

De acordo com Toniolo, o impacto da epidemia da Aids no mercado de trabalho atinge a estrutura social, econômica e cultural dos países, na medida em que acarreta diminuição do crescimento econômico, gerando perda de receita e aumento de gastos públicos com saúde e previdência.

A reversão desse quadro, segundo ele, é possível por meio de uma mudança cultural, de reconhecimento da doença como assunto de trabalho, com a promoção de ações educativas sobre o HIV e a Aids no ambiente laboral, e o acesso das pessoas infectadas a serviços de tratamento e apoio adequados. “As pessoas precisam pensar se conscientizar que a Aids não tem cura, mas tem tratamento se for diagnosticada”,destacou Toniolo.

* Por Giselle Brisk/Amatra 9 –  Foto: Ascom TRT-PR