Amatra IX manifesta repúdio à matéria veiculada na revista Carta Capital sob o título “Mulheres que envergonham as mulheres”
NOTA DE REPÚDIO
A AMATRA IX – Associação dos Magistrados do Trabalho da 9ª Região, entidade representativa dos Juízes do Trabalho no Estado do Paraná, manifesta veemente repúdio ao conteúdo de peça pretensamente jornalística veiculada na revista Carta Capital sob o título “Mulheres que envergonham as mulheres”.
As adjetivações depreciativas são ofensas vis e reprováveis não apenas às juízas, mas a todas as mulheres que são alvos da reportagem, e já seriam condenáveis em qualquer contexto ou circunstância. Em se tratando de conteúdo que se pretende jornalístico, em revista de alcance nacional, o vergonhoso conteúdo sexista, agressivo, ofensivo, indigno e até mesmo imoral das qualificações atribuídas às vítimas da matéria torna-se ainda mais grave e alarmante, até mesmo porque está sujeita a controle editorial da revista.
Ao reproduzir conteúdo dessa natureza, despe-se de qualquer teor informativo e jornalístico para se transformar em mera panfletagem destinada a difamar e injuriar as mulheres ali identificadas. Injúrias e difamações estas – inclusive – de tão baixo calão que nem sequer versam a respeito de qualquer opinião, posicionamento ou entendimento efetivos das envolvidas, mas adentram quase que exclusivamente na esfera particular, atacando perfil individual, estético, religioso e até sexual das envolvidas.
Na forma apresentada, o conteúdo da matéria apenas reforça uma visão preconceituosa e restritiva do papel da mulher na sociedade. Como se mulheres em posição de poder só pudessem ocupa-las – ou ser respeitadas nessa condição – caso se limitem a reproduzir posicionamentos, pensamentos, credos e entendimentos que estariam de acordo com o esperado.
A representatividade feminina nos espaços públicos, ocupando posições nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e a igualdade de direito em seu exercício, exige que seja respeitada a autonomia e a liberdade da mulher para se posicionar, formar seus entendimentos e tomar suas decisões conforme suas convicções. Assim como não se exige que homens formem suas convicções pelo simples fato de serem homens, é um despautério imaginar que as mulheres, em razão de seu gênero, estão vinculadas, subordinadas ou obrigadas a abdicar de suas convicções em favor de qualquer tipo de bandeira, slogan, princípio, norma, ideologia ou pensamento que se pretenda lhes impor.
A matéria veiculada ofende todas as envolvidas individualmente, mas acima de tudo, agride a pluralidade de uma sociedade democrática, reforça discurso discriminatório, perpetua estereótipos e prejudica todos os esforços e lutas constantes por maior igualdade e respeito às mulheres em nossa sociedade.
Curitiba, 20 de novembro de 2019.
Diretoria da AMATRA IX