Mobilização pela erradicação do trabalho infantil recebe apoio pela Amatra IX
13/06/08 – No Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, 12 de junho, a Amatra IX participou de uma grande mobilização na escola municipal de Guarauninha, no município de Palmeira. A entidade foi representada pela diretora de Prerrogativas e Reivindicações, Marieta Jesusa da Silva Arretche, juíza titular da 2ª Vara do Trabalho de Guarapuava (PR).
Há oitos anos foi implantado na localidade o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que oferece atividades educativas e de lazer para meninos e meninas no contra-turno escolar. A iniciativa tem dado certo e já assiste 157 crianças e jovens. “Nas cidades vizinhas as crianças estão trabalhando na cultura do fumo, enquanto que aqui elas estão estudando em vez de trabalhar”, afirma Claúdia Cherobim, Secretária de Ação Social de Palmeira.
Para a Secretária de Estado da Infância e Juventude, Thelma Alves, o trabalho infantil ocorre por uma inversão de valores sociais. “Os pais estão em casa, sem emprego, enquanto crianças estão trabalhando. Deveria ser o contrário. O PETI existe para colocar as coisas nos trilhos: pais com trabalho e salários dignos e crianças livres para estudar e brincar”, disse a secretária.
Segundo a juíza Marieta, o combate ao trabalho infantil deve ser uma causa abraçada também pelo Judiciário Trabalhista. “Eu acredito no envolvimento de toda a magistratura nessa questão. É muito importante que os juízes participem de eventos de tamanha relevância, como o de Palmeira, para que possamos conhecer de perto essa triste realidade das crianças e adolescentes explorados em nosso país”, afirmou a diretora.
Exemplo de luta
Andresa Barauce, de 21 anos, é uma das vítimas da fumicultura que conseguiu venceu a luta em busca de um futuro diferente. Há quatro anos, deixou as lavouras para cursar pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa e diz que se sente privilegiada porque, apesar de ter trabalhado desde criança, os pais fizeram questão de que ela e os dois irmãos freqüentassem a escola. “Quando chegava umas cinco horas da tarde, meu pai dizia: ‘vá filha, fazer o dever de casa. Mas eu sei que na maioria das famílias é diferente. Os pais precisam da ajuda dos filhos e acreditam que é melhor educá-los para o trabalho desde cedo”, contou a jovem tomada pela emoção.
A estudante universitária revelou que sofre de problemas renais e de coluna decorrentes do trabalho na roça, que iniciou aos seis anos de idade. A mãe está afastada do trabalho também por problemas de saúde e o pai já teve convulsão nervosa em função do veneno aplicado na plantação. Assim que concluir a graduação, Andresa pretende retornar para a cidade natal e atuar na educação e sensibilização das comunidades sobre o trabalho infanto-juvenil nas plantações de fumo.