3 de setembro de 2008

Justiça bloqueia conta bancária de usina para pagar funcionários em greve

Os cerca de 2,5 mil funcionários da Usina Central de Porecatu, na região Norte do Paraná, vão começar a receber os salários atrasados dos meses de julho e agosto a partir desta quarta-feira (3). O pagamento foi determinado depois que a Vara do Trabalho de Porecatu determinou o bloqueio das contas bancárias da usina para o pagamento dos vencimentos.

Os funcionários da usina estão em greve desde o dia 17 do mês passado em protesto pela falta de pagamento. A maioria dos trabalhadores é formada por cortadores-de-cana que vivem com salários que não chegam a R$ 1 mil. De acordo com o juiz Mauro Vasni Paroski, que concedeu a antecipação de tutela, as duas folhas atrasadas juntas somam cerca de R$ 3, 4 milhões.

Apesar da decisão do bloqueio, a Usina Central de Porecatu encaminhou na segunda-feira (1.°) uma proposta para o Ministério Público (MP) e à Vara do Trabalho, que foi aceita pelos seus representantes. Com o acordo, a Justiça bloqueou R$ 6 milhões para pagamentos dos salários atrasados. Na semana passada, o pedido de bloqueio foi fixado em R$ 15 milhões para também garantir o pagamento de ações judiciais que não cabem mais recursos no valor R$ 13 milhões. No total, a usina responde a 500 ações trabalhistas que já têm decisão definitiva.

Conforme o juiz, a usina já havia feito um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para depositar em juízo todo o dia 25 de cada mês R$ 500 mil para garantir o pagamento das ações dos trabalhadores. No entanto, esse pagamento não foi feito no último dia 25. “Entendi que a empresa quebrou um acordo feito com o MPT e por isso determinei o bloqueio dos R$ 15 milhões”, disse o juiz.

Com o novo acordo, a empresa terá que depositar em juízo a partir do próximo dia do próximo dia 25, R$ 800 mil para garantir o pagamento das dívidas trabalhistas. Com o dinheiro nas contas-salários, garante a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias da Alimentação de Porecatu, os funcionários da usina voltam ao trabalho já a partir desta quarta-feira.

Trabalho escravo

Os problemas na Usina Central de Porecatu não se resumem apenas à falta de pagamento dos salários. No início de agosto, o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego esteve na região por quase duas semanas, para analisar a situação em que os trabalhadores desempenham as suas funções. O quê o grupo encontrou foram cortadores-de-cana trabalhando em situações consideradas degradantes e análogas ao trabalho escravo. O flagrante deu origem a mais uma ação coletiva contra a empresa, além de gerar a interdição de parte da indústria e rescisão do contrato de trabalho com 228 funcionários.

(Fonte: Gazeta do Povo; 03/09/08)