Juíza latina deve ser aprovada até agosto para a Suprema Corte dos EUA
Durante o processo de perguntas e respostas no Senado ontem, o senador republicano Jeff Sessions afirmou que a oposição não deve tentar bloquear o voto de confirmação. “Espero que você tenha esse voto antes do nosso recesso em agosto’’, disse.
O senador republicano Lindsey Graham voltou ao tema da declaração de Sotomayor de 2001 quando ela disse acreditar que as decisões de uma “sábia latina’’ fossem melhores do que as de um homem branco sem a mesma experiência de vida. “Eu lamento ter ofendido algumas pessoas. Acredito que minha vida demonstra que não era minha intenção deixar a impressão que alguns podem ter tido pelas minhas palavras’’, afirmou. O senador replicou: “Você sabe, juíza? Eu concordo com você. Boa sorte’’.
“Tenho a esperança de que você usará algumas dessas características da sua experiência como juíza para defender as ideias nas quais acredita”, disse senador Alen Specter, um republicano convertido em democrata.
(Fonte: Folhapress; 17/07/2009)
OPINIÃO
Sotomayor é “workaholic” e bem-sucedida
David Brooks, colunista do New York Times
Os senadores presentes nas audiências de confirmação de Sonia Sotomayor disseram exatamente o que se espera que políticos digam em ocasiões como aquela. A velha história dos direitos civis – quando uma jovem mulher da minoria vence obstáculos, combate a discriminação e alcança o sonho americano.
A vida de Sotomayor guarda detalhes ainda mais complexos. Certamente trata-se de um caso de mobilidade social – ela trabalhou pesado e contribui muito com a sociedade. Mas também teve que sacrificar muitas coisas em sua trajetória de vida.
Ao ler seus perfis biográficos, o leitor consegue quase desenhar um mapa dos relacionamentos que ela teve em cada estágio da sua vida. O pai de Sonia morreu quando ela tinha nove anos de idade, deixando um grande vazio. Sotomayor recebeu então o apoio de uma grande família que a ajudou a alcançar o sucesso. Mas pediram que ela deixasse de lado os gibis, temendo que prejudicassem seus estudos.
Ao chegar à Universidade de Princeton, Sotomayor declarou que se sentia como “uma visitante aterrissando em um país estranho”. Ainda jovem, ganhou a reputação de trabalhadora árdua e fanática, capa de viver apenas de cigarros, cafeína e muito trabalho.
Seu sotaque carregado jamais a desmereceu – tornou-se uma famosa professora de Direito, procuradora-pública renomada e sócia em um grande escritório de advocacia.
Mais tarde em sua vida, durante uma cerimônia realizada em 1998, fez vários comentários com relação ao seu então noivo. “O sucesso profissional que alcancei antes de Peter não me trouxeram a menor felicidade pessoal.” Ela se dirigiu a ele e então disse: “Você preencheu vazios que existiam antes de você ter aparecido. Você mudou a minha vida tão profundamente que muitos dos meus melhores amigos simplesmente se esqueceram de como eu era retraída emocionalmente antes de lhe conhecer”.
Apesar de o relacionamento ter acabado após oito anos, estes detalhes revelam um estilo de vida que ainda não é bem compreendido por nenhum romance ou filme – a sutil mescla dos grandes sucessos, sacrifícios e comprometimentos que as pessoas bem-sucedidas assumem para com outros.
Minha impressão é que os juízes sentem a ligação entre seus papéis e vidas sociais mais do que qualquer outra pessoa.
Eles são normalmente as pessoas que, por causa de sua profissão, não podem socializar livremente com outros que partilhem de seus interesses.
Mas a vida de Sotomayor vai além da classe dos bem-sucedidos. Não é possível ter sucesso em uma área tão complexa e em um nível tão alto sem ter uma mente focada e lutar muito contra as consequências de suas decisões.