Juiz Marlos Augusto Melek fala no Fantástico sobre o programa Espaço Livre
Você sabia que existem mais de cem aviões abandonados, caindo aos pedaços, entupindo os pátios dos aeroportos brasileiros?
Um cemitério de aviões no aeroporto mais movimentado do Brasil. São nove jatos da antiga Vasp abandonados em Congonhas, em uma área do tamanho de três campos de futebol. A empresa parou de voar em 2005 e o patrimônio que restou está sendo destruído pelo tempo e pelas intermináveis brigas judiciais.
Um ex-funcionário da Vasp tenta, sozinho, evitar a destruição completa das aeronaves, tomando conta de todos os aviões sucateados do local. “Entro, vejo, olho as portas, se não estão abertas, se está entrando água, se não está danificada, com problema. Se não tem ventania que deu e soltou. Tem que manter sempre olhando”, conta o encarregado de manutenção Josafat Candido.
O número de aviões abandonados em aeroportos do Brasil é muito alto: 119. Eles estão em dez estados e no Distrito Federal. São de empresas que não voam mais ou então de proprietários que têm dívidas cobradas na justiça. Alguns também pertenciam a traficantes e foram apreendidos pela Polícia Federal.
Existem aviões que estão abandonados há nada menos que 30 anos. Essas aeronaves chegam até a virar um problema de saúde pública. “Para se ter ideia, até focos de dengue foram localizados nas asas desses aviões”, conta o juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Marlos Augusto Melek.
A cabine do avião da Vasp que voou o mundo todo, na época, era considerada de última geração. Onde ficavam o piloto e o copiloto parece que tudo foi destruído. Na verdade os principais equipamentos, os mais sofisticados, foram retirados com cuidado e agora serão vendidos separadamente.
Isso porque uma força-tarefa de órgãos federais, coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça, decidiu acelerar os processos. No caso das aeronaves da Vasp, a justiça chegou a fazer leilões, mas não apareceram interessados. “Três leilões foram feitos para as aeronaves pertencentes à Vasp, e não encontraram licitantes. Porque essas aeronaves já estão imprestáveis”, justifica a ministra do STJ Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça.
“A ideia é, se não conseguimos vender o avião inteiro, vamos desmontá-los e vender as peças que são mais baratas e mais fáceis de serem colocadas no mercado”, afirma o juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Marlos Augusto Melek.
No caso dos aviões que estã no Aeroporto de Congonhas, a remoção será uma operação de guerra. “Vão ser desmontados onde estão. E desta maneira eles serão transportados em caminhões, mas deve ser caminhões muito grandes, por isso estamos pedindo a cooperação do Exército. E posteriormente nós faremos o leilão de partes”, diz a ministra do STJ Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça.
O objetivo da Justiça é retirar os aviões de todos os aeroportos até o fim de 2011. Para o encarregado de manutenção é triste ver os aviões abandonados, sucateados. “Eu me sinto com o coração em pedaços”.
(Fonte: Fantástico – 30/01/2011)