21 de agosto de 2009

157 cidades do PR sofrem com as demissões da crise

Estado contabiliza saldo positivo entre setembro e junho, mas cidades menores têm dificuldade para se recuperar

Curitiba e Toledo – Mais de um terço dos municípios paranaenses ainda está com saldo negativo de empregos desde o início da crise econômica, segundo uma análise do Instituto Pa­­ra­naense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) divulgada ontem. Apesar de o estado acumular um resultado positivo, de 13,9 mil vagas abertas entre os meses de setembro e junho, 157 cidades tiveram retração de postos de trabalho, sendo que 15 registraram cortes equivalentes a mais de 10% da sua força de trabalho. Curiúva, município do Norte Pioneiro com população de 15 mil habitantes, está com sua massa de empregados retraída em 27%.

Na outra ponta, segundo a mesma análise, 30 municípios mostraram evolução do mercado de trabalho superior a 7%. O destaque foi Rondon, no Noroeste, que criou apenas 1,8 mil postos formais, mas que significaram o incremento de 41% do mercado de trabalho local. Em números absolutos, Curitiba criou mais empregos, 5 mil, no mesmo período – incremento de apenas 0,6% nos postos de trabalho. O levantamento foi feito com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O analista de conjuntura do Ipardes, Eron Maranho, afirma que os pequenos municípios tendem a ser mais suscetíveis em pe­­ríodos de instabilidade econômica porque normalmente têm pouca diversificação e dependem de atividades industriais pontuais – se essa atividade vai mal, derruba o número de empregos. Os setores ligados a madeira, papel e papelão, são apontados como responsáveis pela queda em Curiúva, e também pela maior queda absoluta, que ocorreu em Telêmaco Borba (Campos Gerais), com saldo negativo de 1,5 mil empregos.

“As cidades que mais criaram empregos são mais importantes e mais diversificadas em termos econômicos”, diz Maranho. No entanto, ele prefere não atribuir todas as demissões exclusivamente à crise econômica mundial. O setor madeireiro e papeleiro enfrenta dificuldades de câmbio há vários trimestres, enquanto a agroindústria também está acostumada à sazonalidade de empregos. “É muito difícil falar que as demissões são efeitos apenas da crise. A safra agrícola, por exemplo, sofreu com a estiagem e antecipou o desemprego sazonal em aproximadamente dois meses.”

O prognóstico para o saldo de empregos no estado até o fim do ano é positivo, mas sem euforia. “Quem segurou os empregos industriais durante a pior etapa da crise foi o setor alimentício. Mas esse setor é o mesmo que sazonalmente demite no fim do ano”, ponderou.

Sadia

As demissões na agroindústria em Toledo, no Oeste do estado, levaram ao fechamento de 1.410 postos de trabalho, o segundo pior desempenho numérico do Paraná. O quadro negativo começou a se desenhar no último quadrimestre do ano passado e teve seu ápice em maio deste ano, quando a Sadia, maior geradora de empregos na cidade com aproximadamente 8 mil funcionários, decidiu desativar um dos turnos da unidade de aves. Cerca de 900 pessoas foram demitidas.

O secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Luiz Narcizo Müller, minimiza o impacto das demissões na economia local. Segundo ele, parte da mão de obra foi absorvida por outros segmentos e a maioria dos trabalhadores demitidos preferiu não buscar um novo trabalho imediatamente para preservar o direito ao seguro-desemprego. “O único impacto foi a redução do emprego formal”, avalia Müller.

O levantamento do Ipardes é o primeiro estudo feito para o Observatório do Mercado de Trabalho e Desenvolvimento Social do Paraná. Trata-se de um acordo de cooperação técnica celebrado entre o instituto e a Se­­cre­­taria do Emprego, Trabalho e Pro­­moção Social e a Secretaria de Pla­nejamento e Coordenação Geral.

IBGE

Sobe o número de pessoas empregadas

Folhapress

Rio de Janeiro – A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 8% em julho, estável em relação aos 8,1% de junho. Apesar de não ter repetido a queda de 0,7 ponto porcentual verificada no mês anterior, o resultado foi o menor da série iniciada em 2002 e reforçou a impressão de analistas de que o mercado de trabalho começa a reverter o processo de deterioração iniciado com a crise.

O estatístico Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE, destacou que, em julho, os dados trouxeram dois aspectos positivos: o aumento da população ocupada e a expansão do rendimento médio real do trabalhador. De acordo com a pesquisa, o número de pessoas ocupadas aumentou em 185 mil (ou 0,9%) no mês, chegando a 21,3 milhões. É na comparação com o ano passado, porém, que os analistas veem o principal aspecto positivo: depois de ver seu crescimento desacelerar progressivamente desde janeiro, chegando a encolher 0,1% em junho, o volume de trabalhadores empregados nas regiões pesquisadas apresentou a primeira alta na comparação anual, de 1,1%.

(Fonte: Gazeta do Povo; 21 de agosto de 2009)