31 de janeiro de 2011

Vale a pena cursar uma pós-graduação em Direito?

Luciano Augusto de Toledo Coelho

A conclusão de um curso superior em qualquer área é apenas o início de uma formação em regra genérica e que proporciona, quando bem feita, uma visão geral sobre um determinado campo do conhecimento. Cada vez mais, e essa tendência não é nova, pessoas com curso superior trabalham em áreas diversas, utilizando-se da formação como base, sem que a atividade profissional se relacione diretamente com a titulação acadêmica.

Como a maioria dos cursos superiores, no entanto, e, repita-se, desde que bem feito e numa instituição séria, o curso de Direito oferece uma boa visão geral acerca do universo jurídico, sedimentando o caminho daquele aluno que pretende aprofundar-se em alguma área do amplo campo jurídico, eis que todas exigem uma excelente compreensão dos fundamentos.

Findo o curso, o melhor caminho para o aluno que pretende atuar em determinada área, aprimorar a correlação teoria e prática, ou mesmo reciclar os conhecimentos para aqueles que se formaram há algum tempo, é fazer uma pós-graduação. Existem duas espécies de pós, aquelas lato sensu, em regra com 360 horas e exigência de uma monografia ao final, e as que envolvem mestrado e doutorado, voltados mais para a docência e com exigência de uma dissertação para mestrado e tese para doutorado.

Os cursos lato sensu, atualmente, têm se caracterizado por uma abordagem teórica, exigindo pesquisa e monografia, todavia, fortemente permeada de aspectos práticos, eis que o perfil do aluno que cursa uma pós-graduação é aquele que pretende aliar teoria à prática.

Uma boa especialização, portanto, deve seguir uma linha pedagógica que proporcione um aprofundamento teórico e uma visão desse conhecimento aplicado. Para tanto, os professores devem ser profissionais atuantes, capacitados em didática, e a linha pedagógica deve estar adaptada a novas configurações, conforme as exigências vão crescendo em cada campo de atuação.

Nos cursos jurídicos, por exemplo, temas como direito eletrônico e direito ambiental vem ganhando espaço. Já na área do Direito do Trabalho, os temas da responsabilidade civil no campo material e as controvérsias decorrentes da nova competência em processo do trabalho vêm se tornando cada vez mais necessários aos profissionais.

Porém, não basta uma boa pós-graduação com uma linha pedagógica moderna e professores capacitados. A participação ativa e efetiva do estudante é fundamental e, nisso, diferencia-se muito de uma graduação na qual os alunos em regra focam as notas das provas e a obtenção do diploma. Na pós, o foco é o conhecimento, que só se completa com a relação de troca entre aluno e professor, onde os temas abordados em sala devem ser complementados com leitura e pesquisa.

Em suma, a pós-graduação na área do Direito é importante para quem pretende correlacionar a teoria geral ministrada no curso de graduação com os conhecimentos teóricos e práticos específicos. Todavia, importa na escolha de uma instituição com credibilidade e em um esforço pessoal com objetivo de efetivamente adquirir, mais do que um simples título, conhecimento efetivo sobre a área do conhecimento objeto do curso.

Luciano Augusto de Toledo Coelho é Juiz do Trabalho. Mestre em Direito pela PUC-PR. Coordenador de Cursos da Escola dos Magistrados do Trabalho do Paraná – Ematra.