17 de julho de 2008

Projeto Contramão de Cinema

19/02/08 – O professor de cinema Tom Lisboa, que promoveu no ano passado o curso de Cultura Cinematográfica em parceria com a AMATRA IX , convida magistrados e familiares a participarem do Cineclube Contramão. O projeto tem como proposta a exibição de filmes menos convencionais, inseridos na contramão do massificado cinema industrial. As sessões acontecem no espaço Cinevideo da Video 1 (Rua Padre Anchieta, 458). A entrada é franca.
  
CONTRAMÃO apresenta ALPHAVILLE
Alphaville(1965), de Jean-Luc Godard

Local: Espaço Cinevideo da Video 1, Rua Padre Anchieta, 458. Curitiba/PR
Fone:
(41) 3223-4343
Data/Horário: 23/02/08 – 19h
Programação do Contramão: Tom Lisboa
Entrada Franca  
 
AVISO: Prioridade de entrada aos portadores de convites, que são gratuitos e podem ser retirados no Espaço Cinevideo ( ver endereço acima) no próprio dia da sessão do Contramão.
 
Sobre o filme:
Na Alphaville de Godard, não há subjetividade, não há arte, não há liberdade, não há comportamento
imprevisível. Há apenas a ditadura da lógica, apenas seres humanos sem expressão, aos quais progressivamente se proíbe o uso até mesmo de certas palavras, como consciência e amor. Seus habitantes são pessoas que se cumprimentam com um “estou muito bem, obrigado”, isto é, com aquilo que se esperaria de resposta, como que voltados para si mesmos. Qualquer semelhança com os diálogos frios, formais e pré-determinados entre vizinhos/colegas de trabalho que se encontram no elevado não é mera coincidência. O mesmo se pode dizer da semelhança entre o comportamento promíscuo/submisso das mulheres do filme e a instrumentalização corrente do elemento feminino, mero meio para obter prazer ou para que sua utilização na publicidade venda determinado produto. Em Alphaville não há qualquer forma de expressão artística; é, do mesmo modo, extremamente questionável se a alta sociedade de hoje vê nas “obras de arte” negociadas em galerias, feiras e coquetéis que freqüentam algo além de puro valor de troca. Ainda: os comportamentos “irracionais” que, na Alphaville de Godard, são punidos com pena capital, encontram-se, na nossa, limitados pela moral e por fatos sociais que cada vez mais tendem a virar lei não-escrita, sob a forma de câmeras eternamente vigilantes e abordagens ríspidas partidas de agentes de segurança dos locais privados – em shoppings e afins, é proibido correr, cantar ou agir “ilogicamente”. A repressão surge quando as contradições de um sistema já começam a torná-lo cambaleante, visando a protegê-lo daquilo que ele mesmo produz; o capitalismo retira direitos que ele é incapaz de conferir sem que isso ameace sua própria existência. Por que Alphaville exclui da linguagem conceitos como “arte” ou “consciência”? Porque, como Lemmy Caution provou, aquele sistema não os suporta – confrontado com a poesia, implode, deixando suas crias desnorteadas após tanto tempo de alienação. Alphaville não suporta questionamento; tudo são explicações postas, exteriores e inquestionáveis (é proibido dizer “por quê?”; deve-se sempre dizer “porque”).